terça-feira, 9 de setembro de 2008

Fito Páez

Por volta das 23:30 resolvi ir pra cama entediado pra variar. Já havia pensando em todas as possibilidades de ficar bem mas resolvi por último que a melhor opção seria mesmo dormir.

Liguei a tv (televisor para os mais antigos) e assisti meu sonífero favorito o Jornal da Globo com William Waack. Não demorou muito e assim que falaram que a UNIFESP era melhor universidade brasileira já podia sentir as primeiras babas querendo pular da minha boca.

Lá pelas tantas uma voz muita chata começou a gritar no meu ouvido, bem lá no fundo, não sabia se era um pesadelo ou se ainda estava acordado. A voz foi ficando mais alta, e mais alta e cada vez mais ele gritava Gritava GRITAVA e eu acordei com a porra do Fito Páez latindo alto no Jô “1:30” (até nome de cachorro ele tem, vem cá fito, vem?). Tudo isso por que o botão do SLEEP do meu controle remoto da tv (televisor para os mais avançados) está quebrado e sempre algo me acorda de madrugada, mas isso não importa.

O que importa é que o Fito Páez canta mal pra caralho e é considerado o “melhor” roqueiro do país vizinho e um dos melhores artistas de todos os tempos. Depois disso fiquei a madrugada toda pensando sobre uma discussão que tive com uma das pessoas que mais gosto no momento sobre a formalização da arte.

No blog dessa mesma pessoa eu li um pequeno diálogo, muito bem criado por sinal, sobre a censura se deve ou não acontecer e tenho minha opinião sobre isso mas falarei um pouco sobre a Formalização da Arte primeiro.

A arte não deve ter limites, ou deve? Na verdade é melhor que tenha. Mas vamos partir do princípio que ela não tenha limites, não enquanto criação. No ponto inicial da arte que é a criação vale tudo. Vale rolar no molho de tomate e depois se enxugar num pano branco, vale chamar a Sandy pra cantar Villa-Lobos, vale fazer filmes com a Sandy, vale até cagar na cara da Sandy e isso seria considerado arte por muitos (ninguém mandou ela comprar os direitos das Bachianas Brasileiras nº5). Agora vem o ponto chave da antiga discussão: enquanto criação pode valer tudo, agora na reprodução vale qualquer coisa? Pode-se alterar a arte sem que se esteja criando nova arte? Ou ainda existe certo e errado na reprodução da arte. (por eu amar música leia-se música quando digo arte)

Um exemplo disso, se eu for à um concerto e uma trompa devesse emitir uma nota lá, porém por um problema de saliva acumulada essa mesma trompa em uma leve guinchada emitir um sol, nesse momento o artista errou ou não? Algumas pessoas diriam que não pois na arte vale tudo. Mas se estamos em um concerto e a proposta é de tocar a Sinfonia nº3 de Gustav Mahler com a trompa naquele momento emitindo uma nota lá, se ele emitir um sol ele errou sim. E se disserem que ele não errou, concordariam que o trompista tem o direito de modificar a música assinada por outro compositor da maneira como ele quiser.

Na verdade o artista tem esse direito sim, mas voltaremos para o campo da criação onde baseado na obra de um outro artista, esse se utiliza dela para fazer sua própria arte e assina-la. Modificações são bem vindas e muitas das grandes obras de um compositor são um conjunto de idéias de compositores anteriores. A música é a arte onde o erro pode sim ocorrer, nunca no processo criativo, pois por mais imbecil que uma música seja ela ainda é música e não cabe a ninguém dizer se está certa ou errada, ela simplesmente é música.

Já em um concerto pode-se variar muitas coisas como andamento, volume e cadência, sendo que cada maestro tem uma velocidade diferente para o termo presto, andante, ou um volume diferente para fortíssimo ou pianíssimo, não podendo exigir que a reprodução da velocidade ou volume sejam as mesmas da estréia da composição anos atrás, o que seria além de tudo humanamente impossível. Mas não se pode nunca variar a nota escrita em uma partitura sem que isso não se caracterize como uma modificação à partitura original. Então não estaremos mais falando da Sinfonia nº3 escrita tão inteligentemente por Gustav Mahler. Ou estaremos?

Mas nada disso importa, importa que o Fito Páez me acordou gritando desafinado. E nesses momentos sou total a favor da censura! Né Sandy?

Um comentário:

Unknown disse...

Gostei.
Concordo.
Fito quem?


hehe

abraços