quarta-feira, 10 de setembro de 2008

“Se todos fossem iguais a você, que maravilha viver”.

Essa poesia, uma das mais lindas que eu conheço de Vinícius de Moraes e musicada por um dos maiores gênios que esse país já teve Tom Jobim. Pelo menos nessa afirmação poucas pessoas se atreveriam a discordar. Mas como sempre isso não importa!

Apesar de se tratar de uma bela poesia, é das mais mentirosas do mundo. Imagine um mundo onde todos fossem iguais a paixão de um Zé Mané qualquer. Podemos pegar como exemplo a Sra. Laura Bush que provavelmente é apaixonada, ou não, pelo Georgie. Partiremos do princípio que ela seja. Se ela desejar que essa poesia se torne realidade imagine o inferno que seria viver.

Agora imagine um mundo onde todos possam se apaixonar várias vezes e desejar que todos fossem iguais as suas paixões. Estaremos então ampliando muito mais as possibilidades de um mundo melhor pra viver. Não que seria uma maravilha, depende muito das paixões de quem estamos falando. Mas do que isso importa se o assunto do qual eu gostaria de falar é a monogamia?

A monogamia é uma certeza quase que geral na raça humana (apesar de poucos praticarem). Salvo alguns povos mais desenvolvidos, ou não, onde a poligamia faz parte da cultura e de alguns animais safadinhos, na verdade a maioria deles, bimbar com a mesma pessoa por 70 anos virou moda e das antigas. Mas será que isso faz parte da natureza do ser humano?

Os autores do livro “Monogamia” David Barash e Judith Eve Lipton escreveram sobre uma sugestão muito interessante da antropóloga Margaret Mead de que a monogamia é o mais difícil de todos os arranjos humanos e também um dos mais raros de serem praticados. Ela sugere também que os seres humanos não são “naturalmente” monógamos, assim como a maioria dos animais que por muito tempo imaginavamos serem.

Poderíamos tomar como exemplo as aves que nem de longe podem ser consideradas monógamas, mas tendem a esse comportamento. Esses seriam os seres mais próximos do comportamento humano na questão da monogamia. Querem, mas raramente conseguem. Se perguntarmos aos nossos parentes mais próximos os primatas o que eles pensam sobre isso dificilmente obteríamos uma resposta uma vez que primatas não falam a nossa língua, mas imaginemos que sim, então esse seria mais ou menos o diálogo:

King Kong: Bon Jour!

Laura Bush: Shit, it speaks spanish!

Edith Piaf: Tu parle portugais?

King: um pouco!

Edith: ótimo, então me diga o que você pensa sobre a monogamia?

King: como? Não to entendendo?

Edith: Monogamia, você sabe, fazer amor com a mesma pessoa por toda vida!

King: mocinha vem cá, eu não faço amor eu trepo!

Edith: ah vai cagar, eu também trepo e não fui nada monógama, mas você entendeu minha pergunta e não se faça de burro!

King: não entendi mesmo, isso não faz parte do meu estilo de vida!

Edith: mas vocês são nossos parentes mais próximos, deveriam saber e praticar a monogamia, uma vez que nossos genes são tão parecidos.

King: olha aqui moça, eu nem te conheço direito e você vem aqui querer cortar uma das minhas poucas diversões.

Edith: Ta bom, ta bom! Não precisa também rir da minha cara! Vai uma vodka?

King: opa valeu!

Laura Bush: They speak beautiful Italian!

Em resumo, macacos não fazem idéia do que seja a monogamia, não praticam e são nossos parentes geneticamente mais próximos, talvez não os mais inteligentes, mas temos genes parecidos.

Então seria da nossa natureza manter relações apenas com uma pessoa?

Eu diria que além do sexo que talvez seja a parte mais fácil da monogamia desde que bom, a falta de liberdade de escolha entre casais apareça como um dos maiores problemas. Vamos supor que eu fosse casado e um grande amigo me convide para ir ao cinema ver King Kong estrelando Laura Bush e Edith Piaf (só hipoteticamente, para os cinéfilos) e minha cabeça diz sim na mesma hora. Claro quem poderia perder esse filmão? Mas eu respondo ao meu amigo que vou ligar para minha esposa e confirmar com ela se iremos!

Como já conheço minha esposa, e sei que ela “adora” filmes de ação, ao pegar o telefone já estou tremendo e sabendo a resposta, mas torço pra que hoje ela esteja de bom humor.

Brad Pitt: Olá querida tudo bem?

Angelina Jolie: mais ou menos to com uma dor de cabeça!

Brad: (fodeu) Amor, o Tom (Cruise) nos convidou para ver o filme novo da Edith e da Laura, King Kong, tá afim?

Angelina: Poxa vida paixão você sabe que detesto a Laura e não to querendo ver a Edith, ela tava meio morta da última vez!

Brad: (porra) ta amor eu vou ligar pro Tom e dizer que não vamos! (vaca)

E assim o homem (mulher) abdica das suas vontades pelo bem de sua (seu) querida (o) e amada (o) esposa (o). Por quanto tempo hein?

E no sexo não é diferente. Todos nós olhamos para o lado enquanto estamos com alguém. O mundo ta cheio de gente gostosa (e não também). Então se imaginarmos o filme sendo uma mulher gostosa, (ou homem para os adeptos) por que eu devo deixar de assistir somente por que o mundo quer, mas eu não? Ou somente por que minha esposa quer, mas eu não? Por que minha esposa que me ama tanto quer me ver infeliz por não fazer aquilo eu tenho vontade no momento?

Eu deixarei de gostar da minha esposa se eu puder uma vez ou outra escapar? Muito mais provável eu parar de gostar se toda a minha liberdade for tirada de mim.

E sim eu acho bonito casais monogâmicos, por mais ridículo que eles possam parecer. Viver a poligamia dói e não é para qualquer um!

Esse não é um texto contra a monogamia, em hipótese alguma. Meu intuito era mostrar que a Laura Bush como todo bom americano sabe que Buenos Aires fica no Brasil!

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